Aquele olhar que, incostante, permanecia fixamente na minha direção, me dava às vezes a impressão de desconhecer-me. Parecia procurar em mim algum traço familiar, algo que pudesse identificar-me e a fizesse se sentir segura. Então, logo pede que eu me sente ao seu lado, e aí eu é que não sei mais se reconheço aquele sorriso irreal, tão marcado pelo tempo. É minha, mas até pouco tempo meu coração não a sabia como tal. E, depois de tanto tempo, pude vê-la realmente, não apenas olhá-la. Ver um sofrimento que, talvez, tenha sido apagado em suas feições, e que agora está ainda mais oculto em meio a tamanha desordem. É minha, mas só se descobre tais coisas quando já não é mais tão cedo.
[postado originalmente em 12/04/2010]
[postado originalmente em 12/04/2010]
4 comentários:
Gostei disso (:
Seria como ver você, porém no futuro. Ver a alma em decadência, não que não estejam todas elas em decadência, mas ver isoladamente a sua.
É como o vandalismo. Só é o que é, quando é em grupo. Sozinho, é difícil cada indivíduo fazer o ato vândalo.
Estar no bolo das almas decadentes é ruim, mas ver a sua, somente a sua, é traumático.
Pura verdade. Lindo texto.
Gosto de saber as interpretações que vocês têm do que escrevo.. Cada um realmente entende à sua maneira. Incrível esse poder das palavras.
Obrigada pelos comentários =))
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