sexta-feira, 30 de abril de 2010

Calma

As palavras saltam dentro de mim, como se quisessem a todo o tempo que eu falasse, falasse. Peço que tenham calma. Não gosto de soltá-las de tal maneira. O dom do silêncio, às vezes, faz falta. Palavras merecem ser calmamente pensadas, organizadas e só então, ESCRITAS. É, eu prefiro assim.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Superficial

A solidão pode acalentar,
a multidão, confundir.
O vazio pode inundar,
o consolo, lacrimejar.
A dor pode passar despercebida,
mas um sorriso sempre deve ser notado.

Um simples olhar pode ser suficiente para acalmar um coração que chora,
ainda que a consciência jamais seja recobrada.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

"Conversa de botas batidas"

- Alô?
- tum tum.... tum tum..
- Alô?
- ...
- Quem quer falar, por favor?
- a..m..
- Oi?
- a..m..o
- ...
- r...
- Quem??
- Você entendeu!
- Não, não entendi.
- Entendeu..
- Se entendi, há muito já me convenci de que você não existe. Não dessa forma!
- Existo. Estou a lhe falar no momento.
- Então por onde esteve todo esse tempo?
- Tô por aí..
- É, também tô por aqui. À propósito, não adianta, você não existe.

domingo, 18 de abril de 2010

"Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo"

Legítima pisciana que sou, nunca foi de meu costume uma visão pessimista das coisas. Sempre procurei enxergar 'uma luz no fim do túnel', qualquer fenda em que eu pudesse introduzir uma solução enérgica e fatal. Sempre deu certo.
A culpa é do tempo. O tempo que nos faz mais adultos e menos crianças, traz consigo responsabilidades e desilusões para nós, vítimas de sua crueldade. Assim, vamos aos poucos perdendo a dignidade e a humildade de acreditar que tudo acaba bem no final'. Tornamo-nos seres amargos, prevendo que talvez, quem sabe, daqui a um tempo nem tudo esteja assim tão certo como gostaríamos e/ou planejamos.
Agora já sabemos que nossos pais não são super-heróis, a vida não é sempre cor-de-rosa e o céu, muitas vezes, está longe de ser o limite - ele já se esgota muito antes. E é aí também que somos invadidos pela pior das sensações - a impotência.
Nada pior do que a sensação de ser impotente diante de algo. Talvez a impotência de estar diante de um bebê que chora sem que se compreenda o motivo, ou diante de uma dor que não possa ser estancada, de uma ferida que não cicatriza, de uma doença que não pode ser curada. A impotência nasce das diferenças, e da indiferença sobre as diferenças. É inadmissível ver que alguém simplesmente se faça omisso diante de uma situação que se apresenta a todos como já perdida. Mais inadmissível ainda saber que, acordado para o que acontece debaixo de seus olhos, alguém seja capaz de negar todas as soluções possíveis.
"Nada pode ser feito", "deixar como está", não são respostas satisfatórias. Queremos o melhor para aqueles que amamos, mas quando isso simplesmente foge de nosso alcance, chegamos ao nosso extremo. Um ar fresco para as idéias talvez recoloque nossa cabeça ao lugar. Ou talvez, seja apenas questão de tempo aceitarmos nossa incapacidade.

sábado, 17 de abril de 2010

Daquilo que é incerto

Talvez eu precise de um tempo pra mim mesma. Talvez eu precise de um tempo de mim mesma. Talvez alguém precise de um pouquinho do meu tempo.
Talvez aquela frase dita em outro contexto, por outra pessoa, não fizesse o menor sentido. Mas ali, naquele momento, fez surgir uma lágrima em meus olhos já tão acostumados a resistir a tal sentimento.


Talvez ninguém leia este blog. Mais ainda, talvez ninguém comente neste post. Talvez estes escritos não façam sentido algum.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Agora eu vejo você

Aquele olhar que, incostante, permanecia fixamente na minha direção, me dava às vezes a impressão de desconhecer-me. Parecia procurar em mim algum traço familiar, algo que pudesse identificar-me e a fizesse se sentir segura. Então, logo pede que eu me sente ao seu lado, e aí eu é que não sei mais se reconheço aquele sorriso irreal, tão marcado pelo tempo. É minha, mas até pouco tempo meu coração não a sabia como tal. E, depois de tanto tempo, pude vê-la realmente, não apenas olhá-la. Ver um sofrimento que, talvez, tenha sido apagado em suas feições, e que agora está ainda mais oculto em meio a tamanha desordem. É minha, mas só se descobre tais coisas quando já não é mais tão cedo.